16/6/01 - 5:03
O que eu tenho neste momento dentro de mim é só a mágoa de não ter nada dentro de mim. Ora, numa situação destas, a atitude mais natural não seria parar a escrita, esperando melhores dias? Escrever nestas condições não é violentar a Liberdade de Deus? Não estou tentando forçá-Lo a revelar-Se? Não tem toda a revelação que ser da iniciativa do próprio Deus?
Mas eu escrevo sempre. Porque há dois motivos que se sobrepõem a estas tão acertadas razões da nossa lógica: porque Ele próprio me revelou que está sempre presente e não é possível estar presente sem se revelar; e porque Ele mesmo me pediu que escrevesse sempre. E o que eu não posso é questionar os motivos e os desígnios de Deus.
Ele está, pois, aqui, nesta minha aridez, desejando revelar-Se. Porque em Deus não há nenhuma espécie de ausência ou paragem; Ele é sempre vivo e activo. Mesmo que só me apeteça espreguiçar-me e bocejar, Deus está nestes meus gestos querendo revelar-Se. Como é então? Deus espreguiça-Se? Deus boceja? E se o faz, que pode Ele querer revelar com gestos destes?
É que Deus fez-Se homem em tudo igual a nós. Apenas sempre teve o Coração inocente e não tem outra ânsia junto de nós senão libertar-nos da nossa multiforme deficiência e fazer de nós Filhos de Deus. Este homem igualzinho a nós vindo do Céu chama-se Jesus. É preciso agora acreditarmos para sempre na Incarnação de Deus. Deus é agora um homem que também Se espreguiça e boceja. E está assim dizendo-nos que espreguiçar-se e bocejar não são atitudes indignas, não são gestos mal-educados, não revelam em si mesmos falta de respeito por ninguém. Os bebés também se espreguiçam e bocejam. São gestos que exprimem só uma lassidão, uma descompressão do corpo, ou pretendem só reactivar as suas funções adormecidas. São, de qual quer forma, gestos típicos da nossa carne.
Bocejei neste momento. E acredito em que Jesus esteve em mim, bocejando também. Como isso possa ser, não o entendo. Sei apenas que Jesus, uma vez morto, voltou à vida para mais estreitamente ainda poder viver já não ao nosso lado, mas dentro de nós todos, os habitantes de todo o planeta, em todos os tempos. Portanto mais intimamente unido a nós do que quando viveu em carne, há vinte séculos, em Israel. Vive, portando, em carne, hoje também, em mim, em ti, em cada um de nós que aceita recebê-Lo em total sinceridade de coração. Está também no meu bocejo. Não como quem assiste a ele. Não como quem se sente ofendido com uma qualquer má-educação minha. Mas bocejando também. Tendo as mesmas reacções do corpo que eu tenho.
E é por isso que eu espero atingir também com Ele a minha condição divina. Esse dia, porém, é que é mesmo só Ele que o determina.
São 7:09!
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